É um erro, eu sei que é
Deixar a minha senhora.
Porém, digo-vos agora
Que fui no caso um mané.
O meu vizinho, José,
Trabalhador esforçado,
Chegou um dia alterado,
Com a pinga fazendo efeito.
Ele era um bom sujeito
E planejava algo errado.
Adentrou na casa minha
Trêbado e cambaleando.
Mal chegou, já foi gritando
Sem saber de onde vinha.
Aquela que era rainha
No lar que erguemos unidos
Se assustou com os alaridos
Que fazia o embriagado.
Ele, ainda alterado,
Queria escutar gemidos.
Então, ela, sem receio
Resolveu beijar a boca
Daquela pessoa louca.
Como peão de rodeio,
Subiu de espora e arreio
Naquele touro maldito.
Eu cheguei em casa aflito,
Pois perdi o meu emprego;
Quis pedir à ela arrego
Mas algo estava esquisito.
Vi a porta escancarada
Assim que fechei o portão.
Na sala, estava um colchão
E a minha mulher amada
Sem roupas e agarrada
Naquele corpo de esguicho.
Ali, já soltei o bicho
Que há tempos me perseguia.
Fui gritando a reveria
E chamei o ato de lixo.
Expulsei ele à paulada.
Eu, sabendo do macete,
Não quis baixar o cacete
Na esposa que era honrada.
Mas, depois desta latada,
Puz suas malas pra fora
E mandei ela ir embora.
Traição ninguém perdoa,
Isso não é coisa boa,
Nem antes e nem agora.
E aliás, o caso é sério.
Não falando em religião,
Mas pecado é fornicação,
Corrupção e adultério.
Nem na época do Império
Deus mudou as leis que fez.
Meu amor não é pra três,
É pra dois e ninguém mais.
Meu porto só abre o cais
Se alguém me amar de vez.
Fecho meu desabafar
Dando um conselho a quem lê:
Se alguém trair você,
Não queira ferir, matar...
Isso também é pecar.
Vai doer mais que ferida
Se tirar uma outra vida!
Mesmo se essa pessoa
Não for alguém tão atoa
E te chamar de querida.
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